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Naquele verão.

Era verão, meus netos viriam passar as férias em casa. Sempre fui um vô coruja e tratava eles muito bem. Eles chegariam em 2 dias, e eu estava indo no mercado lotar os armários de guloseimas e encontrei uma velha amiga, bem velha. Ela já estava de cabelos totalmente grisalhos, andando com blusas de crochê e com o seu anel que usava desde quando menina. Lembrei-me de um caso que tivemos quando criancinhas. Dei um oi rápido e meio traiçoeiro, mas ela percebeu quem eu era e deu um grito no meio do mercado. Eu a convidei pra tomar um chá em casa e lá fomos nós. Eu era viuvo, minha mulher havia morrido a 6 meses devido ao um cancer de mama que foi descoberto em fase terminal. Isabel, era o nome dela... eu a amava muito, ainda amo. Ela foi a minha unica mulher, unica namorada, pra dizer a verdade minha unica paixão...Mas, voltando ao assunto do chá, Nanci tomou um chá comigo, e foi embora logo. Fiquei lembrando da minha Isabel... de quando tinhamos 8 anos... Eu era seu vizinho, morava a uma casa da dela. Brincavamos de pique-esconde todos os dias com outros meninos e meninas da rua. Nanci era uma delas, ela e Isabel brincavam de boneca, e de amarelinha em frente da minha casa, enquanto eu e Joaquim brincavamos de soldados. Minha Isabel era linda, tinha os cabelos loiros e os olhos azuis como bolas de gude, tinha uma voz doce e mãos delicadas, que tremiam quando tocava na minha.
  Estudavamos na mesma escola, e na mesma classe. Seu pai, era militar e a sua mãe era costureira, por isso ela tinha várias bonecas. O tempo ia passando, e a minha Isabel ia crescendo e ficando cada vez mais linda. Com 12 anos, descobri que Nanci gostava de mim, o que me deixou incomodado. Isabel dizia pra todos que gostava de Joaquim, mais eu via no brilho dos seus olhos que era mentira. Isabel sempre vinha entregar as cartas que Nanci me mandava, e ficava brava quando eu as aceitava. Em um certo dia, quando ela veio me entregar uma carta e uma caixa de bombons, caros por sinal, ela deixou uma lagrima escorrer:
-Bel, você tá bem? - fiquei preocupado, nunca tinha visto ela chorar
-Sim, a Nanci mandou te entregar isso. - ela abaixou a cabeça.
Peguei a carta, e quando ela foi me entregar a caixa de bombom... Eu recusei:
-Não posso aceitar. - disse com uma voz falha
-Por que não? É um chocolate caro, você não sabe como eu gostaria de receber uma desse tipo. - ela olhou bem pros meus olhos, e disse com uma voz mais séria
-Então pegue-os pra você, eu não quero nada dela. Eu não a amo 
Ela ficou assustada deu um sorriso e soltou algumas palavras que soaram como uma canção:
-Obrigada Ed, você é muito especial pra mim. 

CONTINUA...Ela me deu um beijo na bochecha, e foi pra sua casa. Eu era um menino injenuo e no dia, me lembro que nem consegui dormir. Dias depois, Nanci parou de pedir pra minha Isabel me entregar cartas e vinha me entregar pessoalmente, e ela parou num dia que eu fiquei bravo e disse a ela a realidade: que eu não a amava. Minha Isabel deu um sorriso timido, e Joaquim riu de Nanci, que correu pra sua casa. Mais a noite, sua mãe veio falar comigo, dizendo que eu deveria ser mais delicado com as meninas, que do jeito que eu era, iria magoar algumas. No dia seguinte, no caminho pra escola colhi algumas flores de um campo que tinha perto dali, e dei pra minha Isabel, suas amigas ficaram com uma cara de espanto, naquela época receber flores de um menino era uma coisa anormal. Isabel me deu um abraço, e foi pra sua sala.
Nanci não viu a cena, mais contaram pra ela logo depois, e ela brigou com a Isabel que naquele dia, não saiu pra brincar:
-Edenezar, a Isabel não vai sair hoje... Ela está mal - disse sua mãe quando fui chama-lá
-Mas senhora, eu posso entrar para ve-la?
-Sim, ela está no quarto, limpe os pés antes de entrar - ela deu uma batidinha no meu ombro - Fique a vontade
-Obrigada.

obs: a letra vai ficar diferente porque as vezes eu posto de pcs diferentes, me desculpem!